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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


segunda-feira, 25 de março de 2013

OS TRASEIROS E AS CADEIRAS NÃO SÃO TODAS IGUAIS

Há cerca de dois anos, o Benfica tinha a taça da liga nas mãos, vencia por dois zero no dragão na primeira mão da taça de Portugal, brilhava na liga Europa a caminho das meias-finais e depois de um início horroroso, fazia uma recuperação notável no campeonato. Colocámos a carne toda no assador. No entanto, ganhou-se a taça da Liga ao Paços de Ferreira, sem brilhantismo e com a equipa a receber a taça sob assobios, fomos eliminados por um acessível Braga na liga Europa e deixámos o FCP recuperar a eliminatória da taça e fazer a festa do campeonato em nossa casa. Do sonho ao pesadelo foi um piscar de olhos. Muita cadeira para tão pouco traseiro, concluiu-se.
Na mesma época, beneficiando do desnorte benfiquista, Villas-Boas consegue o Campeonato, a taça de Portugal e a Liga Europa. Não consta que fosse a pé a Fátima agradecer a tripleta. Não foi certamente devido a qualquer tipo de intervenção divina que o FCP viu o seu único e verdadeiro opositor perder três jogos dos primeiros quatro do campeonato. Nove pontos de avanço logo à partida. Embora à época fosse uma possibilidade, também não foi um milagre a marcação de rajada de três golos em pleno estádio da Luz na segunda mão da meia-final da Taça. E esperava-se outro resultado em Dublin contra um Braga que até se deixou ultrapassar pelo Sporting no campeonato?
Já em 2003 o especialíssimo Mourinho consegue também a desejada tripleta. Benzido por fruta e café com leite, o passeio no campeonato e na taça (onde o Gondomar despachou o Benfica logo na primeira ronda), permitiu a concentração total na Europa. E apesar destas benesses internas e da boa equipa do FCP e já agora um grande treinador, foi necessário a mãozinha da sorte para conseguir o caneco. Em campo e nas bolinhas do sorteio.
Nos anos sessenta o Benfica dominava a Europa. Logo em Maio de 61, vence o Barcelona por 3-2 em Berna na Suíça e consegue a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Internamente rivaliza com um ainda pujante Sporting e acaba por conseguir brilhantemente o campeonato com quatro pontos de avanço. Faltava a taça de Portugal para ser uma época perfeita.   
O Benfica defronta o Vitoria de Setúbal nos oitavos de final e na primeira mão vence em casa por 3-1. A segunda mão está marcada para o dia 31 de maio, exactamente o dia seguinte à final de Berna. O nosso presidente, Vieira de Brito, tenta durante quase um mês, junto da federação, o adiamento do jogo evocando o óbvio interesse nacional. O Benfica acabou por perder por 4-1, sendo eliminado, praticamente ao mesmo tempo que a equipa principal chegava a Lisboa com a taça dos campeões. O vencedor da taça de Portugal daquele ano foi o inesperado Leixões.   
Lembrei-me destes factos quando temos a Taça bem encaminhada, lideramos o campeonato e na liga Europa, cujo percurso é no mínimo muito razoável, abrem-se boas hipóteses de chegarmos à final. E lembrei-me especialmente porque o Olhanense, apesar de ter ordenados em atraso e do relvado do quintal onde joga estar impraticável, está hesitante em jogar no estádio do Algarve. Um dilema que foi inexistente quando recebeu o FCP na primeira volta.
JL

1 comentário:

  1. Restou so escrever a forma como o Benfica perdeu a possibilidade de chegar mais longe nessas competições ...

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