A participação das claques, enquanto sinónimo de grupo organizado, nas Assembleias-Gerais (AG) é um fenómeno relativamente recente no Benfica.
Sejamos porém, francos: de uma forma ou de outra, todos os presidentes se aproveitaram em determinados momentos, da força, da visibilidade e do poder de mobilização e choque das claques.
As claques são que são: ocupam o seu espaço próprio nos clubes, têm a sua dinâmica própria e assim vão seguindo.
Nem anjos nem demónios, portanto.
Doutrinas de teor maniqueísta são pouco recomendáveis num clube plural como o Benfica : "de muitos, um", está no nosso emblema.
Acontece que num universo geralmente desordenado e caótico como os dos sócios do Benfica (haverá seguramente 200 mil opiniões sobre a gestão de LFV, sobre as tácticas de Jesus e sobre as performances de Oscar Cardozo...), o facto de um grupo organizado actuar enquanto tal numa AG, pode tornar-se perigoso.
Que fique claro que os elementos das claques, sendo sócios, têm todo o direito de estar em AG's ou quaisquer outros eventos da vida associativa do clube.
É uma questão de direitos, bem definidos, aliás, nos estatutos.
Não me parece, porém que o recurso frequente ao insulto, à gritaria, à ofensa esteja consagrada nos estatutos, ainda para mais quando o cenário é uma reunião magna do clube e o visado é o presidente.
Dinâmicas de grupo bem oleadas, poder de mobilização assegurado e visibilidade garantida podem criar nas claques a tentação de se constituirem como algo mais do que aquilo que efectivamente são: um grupo de sócios do Benfica, com os mesmíssimos direitos e deveres de qualquer um de nós.
Se não sou um grande entusiasta das teias de tecnocracia criadas pelo advento das SAD's, não me parece tão pouco que o caminho a seguir seja o da "argentinização" do Benfica com claques a interferir na gestão do clube.
Bem próximo de nós há exemplos que eu não gostaria mesmo nada de ver seguidos no nosso clube...
RC
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