Dia bem quente o de amanhã para as modalidades do Benfica.
O futsal vai a Loures tentar rectificar o que de mau aconteceu domingo na Luz.
Aconteça o que acontecer, não será decisivo, embora creia que o vencedor do jogo de amanhã dificilmente deixará escapar o título.
Decisivo, crucial, fundamental será o jogo da equipa de hóquei em Almeirim.
O Benfica poderá voltar a ganhar um campeonato de hóquei 14(!) anos depois.
É muito tempo.
Demasiado para um clube como o Benfica, mas neste momento temos apenas que nos concentrar no que mais importa: ganhar amanhã, limpando um passado recente que não orgulha a modalidade e os seus responsáveis.
Há porém um aspecto que me incomoda e que nesta fase da vida do Benfica parece transversal a todas as modalidades do clube: a incapacidade de decidir os títulos quando temos oportunidade e todas as condições para tal.
Chamem-lhe falta de killer instinct ou outra coisa qualquer, mas neste Benfica há uma incapacidade gritante de arrumar de vez com os assuntos, de liquidar os adversários, sobretudo quando eles parecem estar à nossa mercê.
Pensemos no que sucedeu no futebol (seniores e juniores!) e no voleibol, com campeonatos que não foram ganhos por ninguém, mas entregues de bandeja pelas nossas equipas.
Recordemos a saga do basquetebol: o Porto esteve à nossa mercê na Luz, mas uma vez mais, não conseguimos desferir a estocada final.
O final foi feliz, é certo, mas todos estaremos de acordo em que arriscamos demasiado.
O futsal é outro caso paradigmático: depois de uma época inteira sem derrotas, eis que a equipa começa a abanar nas meias-finais.
A resultados e exibições pouco convincentes com os "Leões de Porto Salvo", segue-se uma vitória categórica, confortável e motivadora no 1º jogo do play-off.
Puro engano: um 2º jogo completamente incaracterístico ressuscita um Sporting que parecia moribundo.
Perante tudo isto, pergunto-me se não haverá no Benfica uma espécie de atracção pelo abismo, como se as nossas equipas ficassem em pânico ante a possibilidade de ganhar, parecendo não aguentar a pressão da vitória, do sucesso, da glória.
Mesmo jogando em casa, perante estádios cheios e pavilhões lotados. Ou se calhar, por isso mesmo.
Estes são sintomas de um clube que, globalmente, se foi desabituando de ganhar, de conviver estruturalmente com o sucesso, fazendo dele uma forma de estar.
Não se trata, pois de ganhar uma vez, esporadicamente, mas de vencer consecutivamente, de lidar com a vitória de uma forma natural, encarando-a como uma espécie de destino normal de um clube como o nosso.
Neste clube, a vitória não pode ser, nunca, um fardo que as nossas equipas carregam, não poucas vezes com dificuldade.
Futsal e sobretudo hóquei, podem amanhã, fazer história, reconstruindo os alicerces de um Benfica diferente, reconciliado e reencontrado com a sua história e o seu destino de clube vencedor.
Glorioso.
Sem comentários:
Enviar um comentário