Perdeu-se na lonjura dos tempos a origem da expressão “O
inferno da Luz”. Oiço-a desde que me lembro. É uma expressão que se continua a utilizar
com muita frequência, fazendo parte da cultura benfiquista, como é o caso “Glorioso”,
“3º Anel”, “Mística”, “Catedral”, entre outras.
Depois da sofrida vitória por penáltis da nossa equipa de Futsal
naquela espécie de pavilhão desportivo onde jogam os viscondes falidos do
Lumiar, o nosso treinador, como é normalíssimo nestas ocasiões, apelou à
presença do povo no jogo final de sábado. Obviamente que pediu o “inferno da Luz”.
Numa reedição patética de quem vê a pouca glória (ou
esperança) que resta a esvair-se entre os dedos (já sem anéis), um tal de
Ricardo Tomás (quem?), figura abaixo de nota de rodapé, mas que formalmente é
ainda Vogal da Direcção e ao que parece é o responsável pelas modalidades da lagartagem,
veio pretensamente indignado falar em “incêndio de ânimos”. De incêndios percebem
eles.
Falei em reedição porque me veio à memória o Benfica-
Sporting desta época, mas em futebol onze. A historieta conta-se em poucas
linhas. Ainda na pré-época a lagartagem tinha ganho um jogo a feijões com uma
equipa italiana qualquer e com a ajuda dos jornaleiros do costume não conseguiu
conter a euforia. Capas, capas e mais capas de desportivos, num verde esperança
carregado, a mostrar os brilhantes craques que formavam uma equipa que iria
fazer um percurso inesquecível.
Veio o Valência, vieram as primeiras jornadas e foi o
habitual desvanecer de expectativas. Mas qual golfinho do Sado, uma ou duas vitórias
seguidas e lá pareceram eles na Luz de peito feito, com o Cristóvão à cabeça a
debitar técnicas de guerrilha para tudo o que era microfone.
Incendiou o ambiente, as bancadas e a relação entre os dois
clubes só porque os adeptos foram colocados numa caixa de segurança com muito
melhores condições que as caixas de segurança em que os mesmos adeptos são
instalados das poucas vezes que jogam por essa Europa fora. Podia ter sido
qualquer outra razão mas esta era a que estava ali mais à mão.
O ridículo da situação é que o Benfica recebeu o resto da
época dezenas de clubes com as respectivas claques, e todos sem excepção foram para a famosa caixa
de segurança. No entanto, não se ouviu mais um pio sobre a pertença “gaiola”.
Mas falar em ridículo obriga-nos a voltar ao rapaz Tomás, o
tal que é responsável pelas modalidades, as que apenas respiram competitividade
no futsal e para gaudio do Ernesto Ferreira talvez também no Judo e no tiro de carabina
deitado.
Um rapaz que não tem decoro em receber o play-off num pavilhão
que faz lembrar o Choradinho do Freixieiro, mas sem rede, com o público a tocar
permanentemente nos jogadores, numa imagem plena de terceiro mundismo.
Não mereceria qualquer comentário se não tivessem outro. Mas acontece
que apesar de não terem mesmo outro, este também não é deles, é alugado ou “emprestadado”
na versão vereador verde da faixa Loures- Odivelas.
Assim, podiam ter tido a preocupação de nestes jogos finais
de procurar um recinto com as condições mínimas. Mas não o fizeram e do Benfica
não se ouviu um comentário nem um murmúrio. Jogamos onde é preciso. Já no
Voleibol se não fosse o São Pedro ainda jogaríamos na barraca do Sporting local
dispensando a dispendiosa Nave da localidade.
Obviamente que esta gente precisa daquele ambiente. Por um
lado precisam de um título como pão para a boca e este está mais difícil do que
esperavam, mesmo com a preciosa ajuda azul da Rua Braancamp, a mesma que tiveram nos juniores. Por outro, estas guerrinhas
fora do campo coloca-os em bicos de pés e quase do tamanho do enorme Sport
Lisboa e Benfica.
JL
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