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Neste blog por vezes escreve-se segundo a nova ortografia, outras vezes nem por isso.


terça-feira, 19 de junho de 2012

DELÍRIOS DE GENTE SEM TECTO

Perdeu-se na lonjura dos tempos a origem da expressão “O inferno da Luz”. Oiço-a desde que me lembro. É uma expressão que se continua a utilizar com muita frequência, fazendo parte da cultura benfiquista, como é o caso “Glorioso”, “3º Anel”, “Mística”, “Catedral”, entre outras.  
Depois da sofrida vitória por penáltis da nossa equipa de Futsal naquela espécie de pavilhão desportivo onde jogam os viscondes falidos do Lumiar, o nosso treinador, como é normalíssimo nestas ocasiões, apelou à presença do povo no jogo final de sábado.  Obviamente que pediu o “inferno da Luz”.

Numa reedição patética de quem vê a pouca glória (ou esperança) que resta a esvair-se entre os dedos (já sem anéis), um tal de Ricardo Tomás (quem?), figura abaixo de nota de rodapé, mas que formalmente é ainda Vogal da Direcção e ao que parece é o responsável pelas modalidades da lagartagem, veio pretensamente indignado falar em “incêndio de ânimos”. De incêndios percebem eles.

Falei em reedição porque me veio à memória o Benfica- Sporting desta época, mas em futebol onze. A historieta conta-se em poucas linhas. Ainda na pré-época a lagartagem tinha ganho um jogo a feijões com uma equipa italiana qualquer e com a ajuda dos jornaleiros do costume não conseguiu conter a euforia. Capas, capas e mais capas de desportivos, num verde esperança carregado, a mostrar os brilhantes craques que formavam uma equipa que iria fazer um percurso inesquecível.

Veio o Valência, vieram as primeiras jornadas e foi o habitual desvanecer de expectativas. Mas qual golfinho do Sado, uma ou duas vitórias seguidas e lá pareceram eles na Luz de peito feito, com o Cristóvão à cabeça a debitar técnicas de guerrilha para tudo o que era microfone.    
Incendiou o ambiente, as bancadas e a relação entre os dois clubes só porque os adeptos foram colocados numa caixa de segurança com muito melhores condições que as caixas de segurança em que os mesmos adeptos são instalados das poucas vezes que jogam por essa Europa fora. Podia ter sido qualquer outra razão mas esta era a que estava ali mais à mão.
O ridículo da situação é que o Benfica recebeu o resto da época dezenas de clubes com as respectivas claques, e  todos sem excepção foram para a famosa caixa de segurança. No entanto, não se ouviu mais um pio sobre a pertença “gaiola”.
Mas falar em ridículo obriga-nos a voltar ao rapaz Tomás, o tal que é responsável pelas modalidades, as que apenas respiram competitividade no futsal e para gaudio do Ernesto Ferreira talvez também no Judo e no tiro de carabina deitado.  
Um rapaz que não tem decoro em receber o play-off num pavilhão que faz lembrar o Choradinho do Freixieiro, mas sem rede, com o público a tocar permanentemente nos jogadores, numa imagem plena de terceiro mundismo.

Não mereceria qualquer comentário se não tivessem outro. Mas acontece que apesar de não terem mesmo outro, este também não é deles, é alugado ou “emprestadado” na versão vereador verde da faixa Loures- Odivelas.
Assim, podiam ter tido a preocupação de nestes jogos finais de procurar um recinto com as condições mínimas. Mas não o fizeram e do Benfica não se ouviu um comentário nem um murmúrio. Jogamos onde é preciso. Já no Voleibol se não fosse o São Pedro ainda jogaríamos na barraca do Sporting local dispensando a dispendiosa Nave da localidade.

Obviamente que esta gente precisa daquele ambiente. Por um lado precisam de um título como pão para a boca e este está mais difícil do que esperavam, mesmo com a preciosa ajuda azul da Rua Braancamp, a mesma que tiveram nos juniores. Por outro, estas guerrinhas fora do campo coloca-os em bicos de pés e quase do tamanho do enorme Sport Lisboa e Benfica.  


JL

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