Existem uns placares no nosso complexo desportivo onde está
escrito (e cito de memória) “O Benfica será nas próximas décadas a instituição
desportiva em Portugal de maior sucesso, tanto a nível financeiro como a nível
competitivo”. Se não é exatamente isto, a ideia é esta.
É óbvio que ainda não estamos lá, mas é indiscutível que nos
últimos 3 anos, apesar de muito lentamente, aumentámos os nossos níveis
competitivos no futebol e na maioria das modalidades. Para que conste este ano já
ganhámos 29 títulos coletivos e ainda faltam as fases finais do hóquei de
formação.
Para além do desempenho coletivo, que deve ser prioridade do
clube, tem havido e bem uma aposta no desenvolvimento de atletas a nível
individual. Por essa razão foi desenvolvido há uns anos a esta parte um projeto
denominado “Olímpico”. Esse plano tinha como um dos objetivos, anunciado pelo
Presidente da Direção, colocar este ano em Londres o maior número de atletas.
Há 4 anos atrás o clube conseguiu uma extraordinária e
histórica presença em Pequim. Foi um resultado consubstanciado em medalhas e
número de presenças, mais fruto das circunstâncias do que do planeamento. No
entanto, para Londres, quando já está definida a lista final dos atletas que
vão representar Portugal verifica-se que a representação do Glorioso está longe
ser significativa. Nem sequer somos o clube com mais atletas presentes.
Claro que no geral a própria representação portuguesa é inferior
em número de atletas em comparação com a de Pequim e que as hipóteses e
esperanças de medalhas também são bem menores. E que mais uma vez o país não se
consegue qualificar para nenhuma modalidade coletiva o que espelha bem o estado
de desenvolvimento nacional no que diz respeito ao desporto. Mas esperava-se
mais do nosso anunciado “Projecto Olímpico”.
Este ligeiro falhanço do “Projeto Olímpico” do Benfica não
pode ser apenas justificado com algumas lesões. Resulta essencialmente de uma
política desportiva que não é totalmente coerente. Que aposta forte e com
estratégia em algumas modalidades, como é exemplo o excelente trabalho no
atletismo, mas deixa outras autenticamente ao sabor do vento.
Defendo que este projeto é estruturante para o clube e que
deve estar na primeira linha de ação da Direção que vai ser eleita em Outubro.
Contudo a estratégia a adotar não pode ser errante como até aqui.
Tem de se esclarecer, por exemplo, o que se pretende para o Triatlo,
que apesar de ter conseguido colocar um atleta em Londres, parece-me que já
justificava a criação de um Departamento ou Secção autónoma para esta secção?
O mesmo digo em relação ao Judo. Não se coaduna com o nosso
ADN que uma modalidade no clube se resuma apenas a uma atleta. Telma Monteiro é
sem dúvida alguma a melhor judoca nacional de todos os tempos, mas faz algum
sentido, considerando a história do Benfica, ser única atleta do clube na
modalidade?
Tem de ser dar mais dinâmica a outras modalidades com cariz
olímpico e que estão mortiças, como é caso das Artes Marciais e da Ginástica. Se
compararmos com o sarau dos nossos vizinhos falidos, a Sportinguíada
(3 dias na torre de belém, certamente pagos pela CML), a nossa Gimnáguia deste ano, curiosamente a edição 30 e englobada no
centenário da modalidade no clube foi pouco mais que indigente.
É certo que olhando para a formação do atletismo o futuro
pode ser bem risonho. Mas não chega. Quem está à frente do “Projeto Olímpico”
fez um trabalho notável nos últimos anos. Notável porque conseguiu alguns
resultados mesmo tendo sido deixada ao abandono por longos períodos devido à
excessiva futebolização do clube. Mas milagres não há. E o resultado está á
vista. O Benfica com o tão aclamado projecto olímpico leva 10 atletas e os
viscondes sem projeto algum levam quase o dobro na comitiva. Objectivamente,
alguma coisa falhou.
JL
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