Havia um tempo em que as coisas
tinham o seu tempo. Um tempo em que as aquisições eram feitas a tempo e o plantel
tinha tempo para se conhecer mesmo antes de ir para estágio. Um tempo em que no
mês das férias se faziam 6, 7 ou até mesmo 8 aquisições e quando começavam os
trabalhos no máximo entrava mais um ou dois elementos.
Não há muito tempo instituiu-se até uma
peladinha na noite do segundo dia de trabalhos, uma apresentação em pleno relvado.
Os jogadores entravam um a um e no fim vinha uma surpresa para motivar a malta.
A seguir partiam todos para estágio. Isto agora era impensável.
Posso parecer um pouco conservador ou
até mesmo antiquado, mas tenho uma dúvida que me assola há alguns anos a esta
parte. Trata-se de saber as verdadeiras razões porque se faz um estágio.
Pensava eu que um dos objectivos do
estágio era criar o necessário espírito de grupo na equipa ou começar a gerar
os famosos automatismos. Mas se é para isso, por que razão mais de metade dos
jogadores que vão para estágio não fazem o resto da época?
No ano passado foram para estágio 31
jogadores. O número só por si é revelador do extremo sentido de planeamento e organização
do clube. Como é possível dizer-se que se está a preparar a próxima época há
não sei quantos meses e depois vão mais sete ou oito elementos para estágio do que
o número que se considera ideal para enfrentar a temporada?
O mais curioso é que desses 31 jogadores
apenas 13, repito TREZE, terminaram a época. Dos restantes 18 alguns seguiram
outro rumo logo a seguir ao estágio, outros ao longo do ano. A lista é longa:
Moreira, Roberto, Júlio César, Fábio Faria, Wass, Roderick, Shaffer, Peixoto, Rúben
Amorim, Carlos Martins, Urreta, Nuno Coelho, David Simão, Fernández, André
Almeida (que depois voltou no Natal), Jara, Mora e Kardec. Acresce que entre o
fim do estágio e o início das provas, houve ainda outros nomes que vieram e
logo lhes foi dado outro destino. Assim de repente lembro-me do Enzo Peres.
Sabemos que o mercado (que tem as costas
bem largas) é um bicho terrível. Que o dinheiro está caro e os melhores
negócios fazem-se à boca da meta, quando a pressão do fecho da janela de transferências
começa a provocar nervoso miudinho nos Agentes.
No entanto, nada justifica uma
confusão desta dimensão. Porque esta pressão pode também ter efeitos muito negativos.
Todos concordarão que foi a pressão provocada pelo arrastar de negociações
eternamente (já uma marca Benfica) que originou a contratação do Emersson e do
Capdvila. Claramente segundas escolhas.
Como já se esperava, exceptuando a
baliza, que parece definida (esperemos), o dia foi de barafunda. E mantendo a
recente tradição, assim vai continuar para além do primeiro jogo do campeonato.
Exemplificativo é o facto de, com o Emersson
a passar de indiscutível para dispensado, o Capdevila a significar oficialmente
um bom punhado de euros direitinhos para o lixo (há responsável por isto?) e o Maxi
atrasado, o Benfica apresentar-se ao trabalho apenas com o desconhecido Luisinho
como lateral.
Já o Capitão Luisão que este ano
deu-nos folga da sua fita anual para sacar mais uns euros por mês, resolveu
elogiar um dos principais responsáveis pelo nosso insucesso no ano passado e
nos anos anteriores. Não há ninguém responsável na estrutura por dar conta ao
capitão (que não é um jogador qualquer) que o Proença foi declarado e bem pelo
presidente do clube persona non grata ?
Da juventude, de quem se diz ser o
Mundo, o David Simão de manhã parece que rescinde, à tarde parece que afinal já
não rescinde, à noite logo se vê, mas considerando o tempo de vida dos
jogadores vindos na formação no nosso clube, o David é quase um veterano. Para já
não se apresentou.
Dos que se apresentaram é divertido ver
que ainda por lá anda o super desejado Nico Gaitan. Tanto milhão se escreveu, tantos
eram os clubes que o desejavam e provavelmente o Senhor Gaitan vai ter de penar
mais uma época na Catedral. O sucesso é de quem o procura, não de quem adormece
à sombra do seu talento. Como eu queria engolir estas palavras.
Apareceram também por lá o Mora e o
Enzo Peres, surpreendia-me se os voltássemos a ver na Luz nos próximos tempos. Quem
não apareceu foi o Miguel Rosa, que vê mais uma vez interdita a sua inclusão na
equipa principal do clube que o formou, apesar de ter sido considerado, dois
anos seguidos, o melhor jogador da II liga.
Estou em crer que ainda há muita
gente para vir, outros mais para dispensar. E aposto que no dia do primeiro
jogo oficial vão estar disponíveis jogadores que não fizeram um único jogo de
preparação ou mesmo um único treino de conjunto. E não vão ser poucos. E isto é
com planeamento científico e uma SAD cheia de assessores, secretários técnicos
e adjuntos. Imagino se não fosse assim.
JL
Precisamente!
ResponderEliminarCalma,já vêm reforços dos bons: o Sr.Jesus está a afinar a parabólica...
ResponderEliminarEste ano, no aspecto dos jogadores que já chegaram e que vão fazer parte do plantel, até estamos bem. Do grupo que hoje se apresentou só falta Maxi Pereira e Nelson Oliveira. Para além destes 2, neste grupo só devem entrar mais 2 ou 3 jogadores (se não sair ninguém para além de Gaitan). A partir daqui é só escolher os melhores. Sinceramente a coisa parece-me bem encaminhada para a próxima época. Que não demorem é na contratação de um defesa-esquerdo para a titularidade.
ResponderEliminarSó em avançados temos para dar e vender.
ResponderEliminarsim 31, e depois? o plantel vai ficar com 27 ou 28... só tens de dispensar 3 ou 4... deixa de ser estúpido
ResponderEliminarNo ano passado de 31 ficaram 13. Uma capicua.
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