E AGORA SEM MÃOS!

A ductilidade de Jorge Jesus é um enigma. Há anos que o Benfica não tinha o mesmo treinador durante quatro épocas. Assim de repente até nem me lembro. Sven-Göran Eriksson esteve mais tempo, mas em dois períodos. Ganhou vários campeonatos, foi a uma final europeia e fez uma revolução de mentalidades no futebol português. Talvez parecido na duração só o Jimmy Hagan. E mais não consigo recuar.

Depois de na primeira época ter criado a equipa rolo compressor, Jesus fez duas épocas seguintes muito complexas. De sucessos fugazes a fracassos profundos. Nunca mais vou esquecer a humilhante reviravolta do FCPorto na meia-final da Taça de Portugal há duas épocas. Da mesma forma que vai eternamente constar no anedotário nacional a insistência doentia em Roberto e Emersson.    

Regularidade na Europa, Taças da Liga e presenças garantidas na champions league são o seu cartão-de-visita. Bons negócios e potencialização de jogadores a sua propaganda. 

Estou em crer que esta é a sua última estação no comboio do Glorioso. Do sucesso desta época vai decidir-se o tipo de transporte ferroviário em que entrará a seguir. Será um TGV a caminho dos grandes campeonatos europeus ou um inter-regional que com alguma sorte ainda poderá chegar ao refúgio grego?  

Por isso faz-me muita confusão este seu desprendimento em relação à possibilidade de enriquecimento do plantel. Vamos estar até ao longínquo Janeiro com um número reduzidíssimo de jogadores, com posições extremamente deficitárias e grandemente dependentes da equipa B.

Faz-me lembrar a história do miúdo que anda de bicicleta na rua e grita: Mãe! Olha, Olha! E agora sem mãos!     

JL